Vedo-te a boca com a minha ,para que os gemidos do meu corpo sejam a tua voz, no passar lento e esguio da tua língua nos poros que se abrem, nas partículas que despertam do prazer que se sobrepõe à minha timidez. Vendo-te os olhos, para que me olhes com os teus dedos, como rio que nasce na minha boca e desagua no meu ventre. Inunda-me. Inunda-me como onda de mar sereno, de carícias ténues que me deliciam, voluptuosa. Inunda-me como onda brava de carícias ofegantes, que bebe a minha sede de despertar em ti, de acordar a minha pele colada na tua, no ritmo da música que faz vibrar os sentidos, nos encanta e desencanta, nos ama e nos faz amantes, nos solta como seres errantes nos caminhos ocultos. Tens-me. Tenho-te. De arrepios ensurdecedores se toma todo o meu corpo. Lágrimas da libido incontida irrompem, numa alegria fátua, de nossos olhos. Saboreamos, contemplamos, as últimas notas esvoaçantes das cordas do violino que tocamos. Ouve-se o suspiro, num entrelaçar e apertar dos dedos. Nas palavras que sabemos de cor, escutamos o silêncio. Num abraço, a promessa.
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